HISTÓRICO


O “Diário de adão e Eva” é uma livre adaptação de Yulo Cezzar do conto homônimo escrito por Mark Twain publicado a primeira vez em 1908, está incluído na categoria dos treze melhores contos da mitologia da literatura universal. Contemplado no projeto Ed o Tal – cessão de pauta para projetos inéditos de teatro, música e artes plásticas do Theatro XVIII, onde o espetáculo realizou temporada em julho de 2010.
O “Diário de Adão e Eva” possui uma linguagem poética e satírica, tratando do casal primordial oriundo de Deus. O texto escrito no século passado apresenta as diferenças entre o masculino e o feminino, de forma bastante curiosa iniciando o discurso das diferenças comportamentais e os estranhamentos relativos a essa diferença.
As estranhezas decorrentes de seres pertencentes a gêneros diferentes percorreram toda a ação do espetáculo através de humor escrachado tipicamente brasileiro e baiano inserido na adaptação através de um terceiro personagem criado - anjo caído. O olhar diferenciado sobre uma mesma ação cria situações hilariantes entre o masculino X feminino X masculino através de uma leitura despretensiosa sobre o mito do casal primordial (Adão – João Paranhos e Eva – Christiane Veigga).
A direção do espetáculo busca questionar a tênue linha que separa os gêneros e os absurdos históricos legitimados em nome desta separação. Na montagem em questão o anjo caído (interpretado por Hamilton Lima) serve como um “alterego” do público; revelando e orientando a platéia de forma divertida e participativa o porquê destes olhares tão diferenciado.
Através de recursos audiovisuais o espetáculo reforça o caráter contemporâneo da montagem criando links entre passado e presente. No final da montagem Adão reconhece em Eva a sua complementação e Eva reconhece em Adão uma extensão do seu próprio ser; afinal somos todos só um ser, neste paraíso que é a terra, navegando solta no vazio incomensurável chamado Deus.
A Interpretação dos atores veteranos Christiane Veigga e João Paranhos, em nada naturalista, reforça o exagero do mito através de construções caricaturais dos personagens em questão. O Anjo (Hamilton Lima) norteia a plateia através de uma construção de personagem que resgata o humor das chanchadas brasileiras.
A direção do espetáculo bem como cenário e figurino foram assinadas por Yulo Cezzar;  iluminação e fotografias de Aldren Lincon; trilha sonora de Paulinho Oliveira, edição de video Lindiwe Aguiar e Yulo Cezzar, adereços de Maurício Pedrosa; apoio do Boca de Cena (Maurício Martins); produção de Grasca; realização do Grupo de Teatro Bastidores da Cooperativa Baiana de Teatro.
A montagem do espetáculo foi patrocinada pela Petrobrás.